Crônica: A Favor do Óbvio

    Acho estranho sugerir que nossos sistemas educacionais necessitam de melhores condições. É estranho propor algo óbvio.

Mas, vivemos um momento onde nem o óbvio se entende.

Digo sem me sentir ousado que o educador é o profissional mais importante da sociedade. É lógica pura: todo profissional passa pelo educador. E os sistemas educacionais são prioridade em sociedades onde, além do empenho para uma formação técnica de qualidade, se pretende construir indivíduos dotados de grande capacidade intelectual e crítica.

Os que comandam o gerenciamento dos nossos recursos querem um povo dotado de grande capacidade intelectual e crítica? Ou isso não lhes é conveniente?

Há burocracia desnecessária na implantação de maiores investimentos em educação.

Exige-se, com razão, o encaminhamento de 10% do PIB nacional para o setor. Essa é a média de investimento dos países desenvolvidos. No Brasil, atualmente, investe-se pouco mais de 5%.

Em outras palavras, o dinheiro investido para financiar a educação é insuficiente para proporcionar um cenário de boa qualidade – o que é algo imprescindível.

Tudo precisa ser melhor – a estrutura física de nossas escolas e universidades, condições salariais dos servidores públicos, equipamentos tecnológicos, distribuição de materiais didáticos e complementares, etc.

Fora o investimento em necessidades relacionadas – cultura, esporte, alimentação, transporte, profissionais de saúde que trabalham em conjunto com sistemas educacionais...

O Plano Nacional de Educação, projeto que tramita no congresso desde 2010, propõe que até 2020 atinja-se o uso de 7,5% do PIB à educação.

Oito anos pra atingir uma meta inferior à que pode ser atingida imediatamente.

Por todo país, sindicatos e grupos de docentes reúnem-se em manifestações que contam com o apoio dos estudantes.

Na quarta, dia 25 de abril, os campi da Unipampa integraram-se à manifestação nacional pela implantação de 10% do PIB para a educação a partir de agora.

Estamos protestando pra conseguirmos algo viável, que é de nosso direito e só traria benefícios.

Isso precisa mudar.

É estranho propor algo óbvio.


                                                                                                            
                                                                                       Por Dhouglas Castro 

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